De acordo com dados da Secretaria de Saúde de São Paulo (SES), nos primeiros seis meses de 2024, foram registrados 111.086 atendimentos clínicos ambulatoriais relacionados à ansiedade e depressão. Já ao longo de 2023, esse número foi de 199.879 atendimentos, representando um aumento de 43,21% em relação a 2022, quando foram contabilizados 139.567 atendimentos.
Segundo a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 11.502 internações por lesões autoinfligidas em 2023, uma média de 31 casos por dia, representando um aumento de 25% em comparação a 2014, quando foram registrados 9.173 casos. Entre 2014 e 2023, houve uma mudança no perfil dessas internações: enquanto o número de internações entre mulheres subiu de 3.390 para 5.854, entre homens houve uma leve redução, de 5.783 para 5.648. As faixas etárias mais afetadas foram os jovens adultos e adolescentes, com 2.954 internações no grupo de 20 a 29 anos e 1.310 no grupo de 15 a 19 anos em 2023.
Este mês é marcado pela Campanha Setembro Amarelo, que tem como objetivo conscientizar e prevenir o suicídio, além de promover a saúde mental. Em 2024, o tema “Se precisar, peça ajuda!” reforça a importância de buscar apoio, incentivando as pessoas a superarem o estigma em torno dos cuidados com a saúde mental. A campanha destaca que falar sobre dificuldades emocionais e buscar ajuda profissional são passos essenciais para a prevenção.
” Apesar de ser um aspecto fundamental da nossa saúde, a saúde mental muitas vezes é negligenciada e carregada de estigmas. O Setembro Amarelo surge como uma oportunidade vital para desmistificar esses conceitos, encorajar o diálogo aberto e oferecer suporte a milhões de brasileiros que lutam com questões como ansiedade e depressão. É fundamental que as pessoas compreendam a importância de cuidar da saúde mental da mesma forma que cuidam da saúde física. Questões como ansiedade e depressão têm um impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos e, muitas vezes, são negligenciadas por causa do estigma social”, declara o psicólogo da Santa Casa de Chavantes, Marcos Damasceno.
A identificação precoce de sintomas de ansiedade, depressão ou sinais relacionados ao suicídio é um passo essencial para garantir que os indivíduos recebam o apoio necessário. Sintomas como desesperança, isolamento social, desinteresse em atividades que antes traziam prazer, alterações no sono e apetite, além de pensamentos de morte ou autoagressão, são indicadores importantes que não devem ser ignorados.
Esses sinais podem ser manifestações de um pedido de ajuda silencioso. A abordagem empática e o incentivo para buscar suporte profissional são formas de contribuir e ajudar. “O silêncio e o medo de julgamentos muitas vezes atrasam a busca por ajuda, agravando o quadro. Por isso, é fundamental criar espaços de escuta e acolhimento, onde as pessoas possam se sentir seguras para falar sobre suas emoções e vulnerabilidades”, explica o psicólogo.
Além da ajuda profissional, é muito importante construir uma rede de apoio com pessoas próximas e confiáveis para conversar e contar com ajuda. Adotar uma rotina de autocuidado, praticar atividades físicas, manter uma alimentação saudável e garantir uma boa noite de sono são fundamentais para a saúde mental.